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Para entender o conflito: A história da criação de Israel

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Bandeira de Israel

Bandeira de Israel

Para entendermos porque o conflito árabe-israelense está longe de um fim pacífico precisamos voltar no tempo e entender a história dos judeus e  palestinos. Por isso preparei dois posts, onde tentarei recordar o máximo possível a história desses dois povos que disputam o controle da região onde hoje se encontra Israel, Faixa de Gaza e Cisjordânia.

A história dos judeus com a região começa com Moisés, que liderou os escravos judeus que fugiram do Egito. Ele liderou os refugiados até a região onde hoje se encontra o estado de Israel. Ali seria a terra prometida por Deus aos refugiados. Os judeus ficaram na região até o ano 70 dc, quando foram expulsos por ordem do imperador romano Tito. Essa expulsão ficou conhecida como diáspora.

Os judeus se espalharam pelo mundo, mas, mesmo longe do império Romano, ainda sofriam com o anti-semitismo. Na Europa, eram proibidos de terem posses de terras, além de serem perseguidos e executados em alguns países, como a Rússia czarista, onde o massacre dos judeus era conhecido como pogroms. No século XVI, passaram a ser segregados em bairros especiais,conhecidos como guetos. Esses locais eram cercados pos muros e trancados por portões.

No  século 20 teve início o movimento sionista, que tinha como objetivo criar um estado judaico em Israel. O governo britânico oferece aos judeus uma vasta área em Uganda, mas os sionistas insistiam que o estado judaico deveria ser construido na Palestina.

Os judeus que voltavam a região da palestina pretendiam restabelecer uma comunidade autônoma de judeus na região, mas esbarraram com os árabes-palestinos, que agora dominavam a região. Iniciou-se uma colonização lenta e em 1909  os primeiros Kibutz, uma comunidade voluntária coletiva onde não há bens particulares, foram criados.

Com o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, a região passou a ser administrada pela Grã-Bretanha, incentivando milhares de judeus a voltarem para sua terra natal. Foi durante essa “invasão” de judeus à Palestina que os primeiros conflitos ocorreram. Para garantir a segurança de seu povo, os judeus criaram o Haganah, um tipo de exército clandestino que utilizava de métodos terroristas para combater os palestinos.

judeus num campo de concentração

Judeus em um campo de concentração nazista

Durante a Segunda Guerra os judeus sofrem a implacável perseguição dos nazistas, período que entraria para a história judaica como o Holocausto. Como o fim da 2GM muitos judeus voltam para palestina e o movimento pela criação de um estado judeu ganha  simpatia mundial.

Os conflitos entre judeus e palestinos persistiram ao ponto de a Grã-Bretanha entregar à ONU o controle da região. Então, em 1947 a ONU tentou resolver o problema dividindo a região da palestina entre judeus e palestinos. Os palestinos formavam uma comunidade de 1 300 000 habitantes na época, mas ficaram com a menor parte da partilha, 11 500 km². Já os judeus, com uma comunidade de 700 mil habitantes, ficaram com 14 500 km². Eram criados os estados judaico e palestino. A cidade de Jerusalém, sagrada para as duas culturas, ficaria como zona internacional.

Um ano depois, no dia 14 de maio de 1948, Israel declarou sua independência da ONU. Davivid Ben-Gurin foi o primeiro governante de Israel. Em represália, a Liga Árabe, organização criada pelos países árabes da região como o objetivo de impedir a expansão judaica na região, invadem a Galiléia, dando início à primeira guerra Árabe-Israelense. Israel vence a guerra, que dura até  Janeiro de 1949, anexando a seu território as regiões palestinas da Cisjordânia até a cidade de Jerusalém. O resto da Cisjordânia foi ocupado pela Jordânia, que dividiu com Israel o controle de Jerusalém. O Egito avança seu território sobre a Faixa de Gaza.

Em 1949, após novos conflitos com os países árabes da região Israel expande consideravelmente seu território na conhecida Guerra dos Seis dias. Israel tomou a Faixa de Gaza e a Península do Sinai do Egito; a Cisjordânia da Jordânia e as Colinas de Golã da Síria.

Em 6 de outubro de 1973 as forças egípcias e sírias atacaram Israel, de surpresa, no feriado do Yom Kippur. A reação de Israel é bombardear Damasco, capital da Síria. O conflito termina em 19 dias, sem nenhuma alteração nos territórios de Israel.

Seis anos depois, em 1979, um acordo entre o Egito e Israel, mediado pelo presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, é assinado em Camp David. No Acordo de Camp David, Israel se comprometeu a devolver a Península do Sinai ao Egito em 1982 e a conceder autonomia limitada aos palestinos em Gaza e na Cisjordânia. Esse acordo é repudiado pela Liga Árabe, que expulsa o Egito da Liga e da Opep.

Desde então os palestinos veem reinvidicando maior autonomia em seus territórios, com a criação de um estado palestino. Alguns grupos extremistas acreditam que para isso o estado de Israel deva ser destruído. Muitos países árabes ainda não reconhecem Israel e desejam seu fim.

Em períodos recentes, anteriores a retomada do conflito, Israel havia retirado seus assentamentos da Faixa de Gaza, mas manteve controle sobre as suas fronteiras, dificultando a entrada de roupas, comida e até água. Esperava que assim os palestinos se voltassem contra o Hamas, grupo extremista que atualmente controla a região.

Na Cisjordânia os assentamentos continuam, mas um acordo de paz ainda vigora. Essa região é controlada pelo Fatah, outro grupo islâmico que defende a criação de um estado palestina, porém mais aberto a negociações que o Hamas.

[No próximo post abordarei a causa palestina e a criação dos grupos extremistas, como o Fatah e o Hamas, que dominam as regiões palestinas.]

Written by Bruno de Carvalho

janeiro 14, 2009 at 1:53 pm

Publicado em conflito, História, Mundo, sociedade

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