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Ano novo guerra velha

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A recente retomada da guerra entre Israel e o Hamas vem trazendo grandes preocupações para o mundo nesse início de 2009. Os ataques de Israel a Gaza começaram no dia 27 de dezembro e já deixaram mais de 600 mortos e cerca de 2.000 feridos do lado palestino.

O acordo de cessar fogo acertado em julho de 2008, mediado pelo Egito, terminou no dia 19 de dezembro, quando os militantes do Hamas retomaram os lançamentos de mísseis a Israel. Até o início da ofensiva israelense o Hamas já tinha lançado cerca de 300 foguetes contra o estado de Israel, matando poucas pessoas, mas causando pânico às cidades atingidas com alertas de ataque aéreo.

Na primeira ofensiva israelense os bombardeios mataram cerca de 380 palestinos e deixaram 1.700 feridos, segundo as Nações Unidas, pelo menos 60 civis, incluindo mulheres e crianças, estão entre os mortos e feridos.

Israel afirma que só tem atacado pontos estratégicos para o Hamas, como as casas de seus líderes e possíveis locais de armazenamento de mísseis e centros de treinamento do Hamas.

Importantes líderes do grupo palestino, Hussam Handan, Mahammad Hilo, Manduk Jamal e Nizar Rayan, foram mortos pelos ataques aéreos de Israel.

Nizar Rayan era um importante líder do Hamas na área norte da Faixa de Gaza e era responsável por coordenar as Brigadas de Ezedin al-Qassam, braço político e militar do movimento.

Hussam Hadan e Muhammad Hilo morreram durante o bombardeio à cidade de Khan Yunis. Hadan comandava o lançamento dos foguetes às cidades de Beer Shiva e Ofakin, em Israel. Hilo era chefe das forças especiais do Hamas em Khan Yunis.

Israel impõe censura a imprensa

“If a journalist gets injured or killed, then it is Central Command’s responsibility”. “not deal with the media.”

Major Avital Leibovich

Com as fronteiras da faixa de Gaza fechadas por terra e mar os jornalistas internacionais vem sido impedidos de entrarem em Gaza para reportarem sobre o conflito. As autoridades Israelenses dizem que essa é uma medida de segurança, pois os jornalistas seriam alvos fáceis para o Hamas.

“Any journalist who enters Gaza becomes a fig leaf and front for the Hamas terror organization, and I see no reason why we should help that.” Disse Daniel Seaman, diretor da imprensa oficial de Israel. (Fonte: The New York Times, edição on-line)

Outro argumento é que as imagens de TV e as declarações dadas por soldados poderiam por em risco as operações, informando ao inimigo a posição das tropas e facilitando a fuga de membros da Hamas.

“Then, the media were everywhere. Their cameras and tapes picked up discussions between commanders. People talked on live television. It helped the enemy and confused and destabilized the home front. Today Israel is trying to control the information much more closely.” Disse Nachman Shai, porta-voz do exército israelense sobre a presença de jornalistas na faixa de Gaza. (fonte: The New York Times, edição on-line)

[Obs: As declarações foram mantidas no original como foram publicadas na edição on-line do nytimes.com para evitar erros de interpretação na tradução.]

Opinião

A entrada da imprensa em Gaza e essencial para expor a realidade do que se passa nesse país e para denunciar ataques a civis, que invariavelmente ocorrem quando se bombardeiam cidades. A presença da imprensa pode não por fim ao conflito, mas inibe excessos por parte de Israel e mostra ao mundo a verdadeira face da guerra. Ao impedir que jornalistas trabalhem Israel se equipara as ditaduras de países como Venezuela e Cuba, e ao tornar um país numa pequena prisão Israel, de certa forma, recria os campos de concentração, onde tantos judeus sofreram nas mãos dos nazistas. Só que agora quem impõe o sofrimento é Israel.

O Hamas, como todo grupo terrorista, deve ser eliminado, mas deve-se atentar para outras formas que não a guerra, pois nesses tipos de confronto acabam morrendo mais civis do que membros do grupo, e ataques que matam inocentes acabam reforçando o ódio dos palestinos por Israel, que ao contrário de culparem o Hamas por se esconder em cidades e causar a morte do povo, culpam Israel por atacar inocentes. Cria-se o sentimento de que os judeus querem o fim dos palestinos, então os palestinos jovens, que perdem a família e amigos nesses bombardeios acabam se juntando ao Hamas para se vingar de Israel. Dessa forma o conflito nunca acaba.

Não pretendo tomar partido de nenhum dos lados. Não apoio os ataques de Israel nem os do Hamas, sou a favor de uma resolução pacífica para a criação do estado palestino e pela firmação de um tratado de paz que seja devidamente cumprido por ambas as partes.

Written by Bruno de Carvalho

janeiro 7, 2009 at 5:16 pm

Publicado em Mundo, sociedade